A diretora do Sindijus-PR e coordenadora da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário nos Estados (Fenajud), Arlete Rogoginski participou, do Seminário de Formação Política (Encontro de Lideranças Sindicais) do SindJustiça Ceará. A atividade aconteceu nos dias 29 e 30 de julho, em Fortaleza. O evento abordou diversos assuntos que envolvem o mundo do trabalho, como a economia, a defesa do serviço público e a trajetória do movimento sindical. Foram registradas ainda a presença de diversos servidores da base.
A mesa de abertura contou com a presença dos professores de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fábio Sobral e André Ferreira, que abordaram a crise econômica no mundo, os planos do Fundo Monetário Internacional (FMI) e como a classe trabalhadora pode se organizar. A diretora e coordenadora-geral da Fenajud, Arlete Rogoginski e o coordenador-geral do SindJustiça Ceará, Roberto Eudes, também compuseram o painel.
Arlete Rogoginski, fez uma análise sobre o contexto de ataques direcionados ao serviço público, em especial aos servidores, por parte do governo atual. Arlete disse que “a reunião ministerial de abril de 2020 demonstrou que a granada que seria colocada em nosso bolso, representaria muito mais que somente prejuízos salariais, mas demissões, perseguição e desrespeito à agentes públicos de várias categorias, referindo-se a nós como parasitas”. Ela lembrou do Projeto de Lei n°6204, de 2019, em tramitação no senado, que representa privatização de parte do poder judiciário, bem como da luta da Fenajud contra sua aprovação.
Diante disso, ponderou que “A Federação está muito atenta e preocupada com o atual cenário político, que precisa ser mudado no próximo pleito, e portanto, uniu-se à Fenajufe e à FenaMP, lançando no último dia 14, a plataforma da classe trabalhadora. “O documento traz pontos gerais e também específicos dirigidos à defesa dos serviços e empresas públicas e valorização da(o)s servidora(e)s e será apresentado a todos os candidatos e candidatas, a fim de buscarmos o comprometimento para com as nossas pautas”, apontou Arlete.
O segundo dia de atividades teve início com a palestra Organização e Trabalho de Base Diante da Nova Dinâmica do Mundo do Trabalho. O assunto foi debatido pelo professor da Universidade Regional do Cariri (URCA), Fábio José Cavalcante, e o coordenador-geral da Fenajud, Alexandre Santos. A mesa foi mediada pelo coordenador de formação política e sindical do SindJustiça Ceará, Pedro Helker.
Fábio José expôs sobre a trajetória do movimento sindical brasileiro, afirmando que o trabalho de base é diferente de organização de base. Também fez um histórico das organizações, através dos tempos, citando o exemplo das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e dos trabalhadores da construção civil.
Alexandre Santos tratou da nova dinâmica do mundo do trabalho, em especial do judiciário. Ele lembrou que o conselho dos presidentes de tribunal está organizado e realiza encontros “para traçar e alinhar todas as maldades que chegam de cima para baixo. Os juízes estão organizados e muito organizados.”
O dirigente da Federação afirmou que as entidades sindicais também precisam atuar em rede e o sindicato deve estar conectado nos movimentos sociais, além de investir em marketing digital para dialogar com a categoria. Após os palestrantes, foi aberta a oportunidade de fala aos presentes.
Roberto Eudes, avaliou o Seminário como “algo extremamente positivo para a construção de ideias. São entidades e pessoas que têm como ponto em comum a defesa dos direitos e da categoria que ali atuam, que são parte do Tribunal de Justiça, e muitas vezes são desvalorizados. A gente precisa construir esses debates tanto em cenários locais como nacionais, e o Seminário veio para ampliar essa construção dos próximos passos dentro do sindicalismo, nos mostrar quais caminhos podemos continuar seguindo e quais caminhos devemos repensar sua forma, que possa ampliar a defesa das trabalhadoras e trabalhadores e do serviço público como um todo”.
Ele avalia que a presença dos dirigentes no Seminário foi “produtiva, construtiva e importante. A base precisa desse contato e saber como a Fenajud tem atuado em Brasília, nos três Poderes e também nas suas bases”, pontua Roberto.
Carta à presidência
Na terceira e última parte do Seminário de Formação Política do Encontro de Lideranças do Sindjustiça Ceará, foram constituídos dois grupos de trabalho. Os participantes discutiram a respeito das formas de organização dos servidores do Judiciário com as mudanças do mundo do trabalho, como o teletrabalho, bem como os pleitos e ações de luta para este semestre, tendo como foco a reforma do PCCR, que foi barrada pela Presidente do TJCE, Desembargadora Nailde Pinheiro, em junho.
Ao final das reuniões dos grupos de trabalho, os servidores elaboraram uma carta aberta a? Presidente, demonstrando a indignação da categoria com o travamento da proposta do novo Plano e de demais direitos dos servidores que não estão sendo respeitados pela administração do Tribunal, como o pagamento das ascensões funcionais.
Além disso, ficou definido que no dia 23 de agosto haverá uma Assembleia geral extraordinária em Fortaleza para debater as pautas. A Fenajud e os sindicatos de base foram convidados a participar.